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Tirando os alcaguetes e os donos de bordéis, tá todo mundo no bonde da Primeira e Última Antinacional: vagabundos, soldados desligados do exército, presidiárias libertas, escravos desertores de galés, vigaristas, charlatões, Lazzaroni, batedoras de carteira, trapaceiros, jogadores, carregadores, literatas, tocadoras de realejo, trapeiras, amoladores de facas, soldadores ambulantes e mendigos
Jura que não percebeu
Que o fim está próximo?
Nem reparou que São Paulo
Virou um imenso deserto?
Que se a gente não vence
Não haverá quem venha
Depois de nós pra lembrar
Das glórias da nossa derrota
Ou protagonistas da queda
Da civilização
Ou a última geração
que vai pisar nesse mundo
Não vai ser disco voador nem Godzilla, vai ser capitalismo e seu progresso tomado como norma histórica
Desastre ecológico, epidemia, acidente nuclear
Guerra mundial, caos generalizado,
Ou surto psicótico coletivo, fruto da degradação das condições de vida da mão-de-obra alienada
Isso que você tá vendo
É um sinal dos tempos
Um monumento à ruína
Do mundo civilizado
Tô falando daquela bolsa
Estampa Romero Brito
Costurada por suaves mãozinhas
De crianças chinesas
Resta fazer a escolha
Entre a abolição do trabalho
Ou ser da última geração
que vai pisar nesse mundo
A não ser que o capital seja vencido pela força organizada de todos os oprimidos!
Sabotagem, greve geral, luta de guerrilha
Levante urbano, barricadas, autodefesa
Guerra de classes sem massagem até o fim do capital
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No volume morto, eu vi
Tipo Excalibur, eu vi sair
Quem saiu do lodo foi a dama do lago
“A espada da justiça, usa com cuidado”
“Ela é invencível, usa com moderação”
“Se usar errado rola uma maldição”
Depois de botar fogo nos jardins
Depois de ir cagar no Morumbi
Eu vou cortar a cabeça do Geraldo Alckmin
Eu vou cortar a cabeça do Geraldo Alckmin
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Deusa... ela é uma deusa!
Nasceu negra num tempo racista
Nasceu mulher num tempo machista
Nasceu pobre num tempo de exploração do trabalho
No país do elevador de serviço
Do apartamento com quarto de empregada
Onde o patrão não deixa ter folga
Onde a patroa a quer humilhada
E a exploração por si só nunca basta
Onde o filho playboy dos patrões sempre acha que pode.. assediar a empregada
Deusa... não é uma Deusa?
Nasceu negra num tempo racista
Nasceu mulher num tempo machista
Nasceu pobre num tempo de exploração do trabalho
No país do elevador de serviço
Do apartamento com quarto de empregada
Mas a deusa não abaixa a cabeça
Não aceita humilhação numa boa
Sem mais nada a perder além dos grilhões
Ela mandou um beijo no ombro depois... que envenenou a patroa!
Deusa... ela é uma Deusa...
Nasceu negra num tempo racista
Nasceu mulher num tempo machista
Nasceu pobre num tempo de exploração do trabalho
No país do elevador de serviço
Do apartamento com quarto de empregada
Era quase da família, era quase da família, era quase da família, era quase da família
Era quase da família, era quase da família, era quase da família...
Era quase da família... agora já não é mais!
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